Avaliação: Territorialidade e os Guarani na América Latina – ESBOÇO DE ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL PAĨ/ KAIOWÁ

O objetivo desta pesquisa, ainda em andamento, é expor algumas noções do modelo de organização territorial dos Paĩ/ Kaiowá, um povo falante de língua guarani da família linguística Tupi-guarani, agricultores de floresta subtropical, caçadores, pescadores e coletores. Habitam desde a região do Jasuka Renda / Cerro Guasu (local da criação do mundo), atravessando a Cordilheira de Amambay no Paraguai Oriental, estendendo-se entre a Serra de Maracaju e os Rios Apa, Miranda, Brilhante, Dourados, Ivinhema e Iguatemi no Brasil. Suas aldeias estão localizadas próximas a esses grandes rios ou em seus afluentes. A ideia comum à antropologia clássica seria a de que a estrutura social paĩ/ kaiowá se daria somente em torno de um território único e comum a esse povo – o Paĩ Retã – com suas aldeias e áreas de forrageamento espalhadas por esse espaço. O ponto de partida entre os Paĩ/ Kaiowá, de acordo com o material etnográfico mais denso e recente, é o entendimento do território como dividido em partes – os tekoha guasu – onde o parentesco, os casamentos, os rituais, a cooperação, as festas, as caças, as alianças e a política produzem seus efeitos mais sérios. Pretende-se avançar no mapeamento das áreas de forrageamento, histórico das aldeias atuais e antigas, parentesco e alianças dentro de um tekoha guasu específico, chamado pelos Paĩ/ Kaiowá de Cerro Marangatu. O plano, da mesma forma, é dar ênfase: nos processos de “expansão-retração” da área ao longo do tempo; “diferenciação-distanciamento” das parentelas baseadas em seus estilos e; no “fluxo gênico” de pessoas, epicentros e fitofisionomias ecológicas ligadas ao Cerro Marangatu.

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