Dados do autor
NomeJoana Miller
E-mail do autorEmail escondido; Javascript é necessário.
Sua instituiçãoUniversidade Federal Fluminense UFF
Sua titulaçãoPós-Doutorado
País de origem do autorBrasil
Dados co-autor(es) [Máximo de 2 co-autores]
Proposta de Paper
Área Temática01. Antropology
Grupo TemáticoUn petit bout du chaos. Les anecdotes de terrain comme expériences de subversion
TítuloEtnografia Confidencial: reflexões sobre a singularidade da experiência etnográfica
Resumo

Em 1980, Anthony Seeger escreveu sobre a pesquisa de campo e observou, logo no primeiro parágrafo do seu artigo, que “o material etnográfico sobre o qual a Antropologia trabalha é quase sempre o resultado da atividade singular do pesquisador no campo, num momento específico de sua trajetória pessoal e teórica, de suas condições de saúde e do contexto dado, e essa atividade é exercida sobre um grupo social que se encontra em um certo momento de seu próprio processo de transformação”.

Apostando na singularidade que marca a experiência etnográfica, tanto para o antropólogo como para aqueles que o recebem, gostaria de refletir sobre o meu trabalho de campo com os Mamaindê, um grupo Nambiquara situado no noroeste do estado do Mato Grosso, no Brasil Central, não muito longe de onde estão os Suyá, agora Kinsêdjê, estudados por Seeger. Pretendo descrever alguns acontecimentos que marcaram a última etapa da minha pesquisa de campo, realizada no início do ano de 2005, pouco tempo antes de eu defender a minha tese de doutorado no Museu Nacional.

Naquela ocasião eu havia acabado de me separar e esse fato logo se tornou o principal tema das minhas conversas cotidianas durante o período em que estive no campo, colocando em segundo plano qualquer tipo de planejamento que eu havia feito para a minha pesquisa. O que eu falei e ouvi dos meus anfitriões neste período ganhou contornos muito diferentes das minhas experiências anteriores, me aproximou de algumas pessoas de uma forma que eu jamais poderia prever e trouxe à tona temas que não eram ditos até então. Neste sentido, pretendo argumentar que essa experiência singular produziu um efeito subversivo, na medida em que deslocou o meu lugar nas relações que eu havia estabelecido e também o dos meus interlocutores que passaram a atuar mais como confidentes do que como “informantes”.

Palavras-chave
Palavras-chave
  • Etnografia
  • Nambiquara
  • Confidência