Resumo | Sérgio Cabral (1937- ) iniciou sua carreira na imprensa em 1957 e a partir de 1961 passou a atuar como jornalista especializado em música popular brasileira, desenvolvendo ao longo dos anos trabalhos como repórter, editor, cronista, crítico, produtor e compositor, além de pesquisador musical.
Foi autor, entre 1974 e 2009, de dezesseis livros sobre a música popular brasileira, sendo que quatro obras que apresentam um foco nas escolas de samba cariocas: As Escolas de Samba - o que, quem, onde, como, quando e porque (1974), ABC do Sérgio Cabral (1979), As Escolas de Samba do Rio de Janeiro (1996), e Mangueira - Nação Verde e Rosa (1998).
O narrador, em um relato fortemente memorialístico, ao mesmo tempo em que reivindica a sua proximidade com os setores sociais marginalizados em que viviam os artistas e as escolas de samba, busca inserir-se em uma tradição analítica, hegemônica na esquerda brasileira nas décadas de 1960-1970, que enfatiza a valorização da nacionalidade dentro das perspectivas de Mário de Andrade e Villa-Lobos, em uma linhagem na qual se destacam Lúcio Rangel, Jota Efegê e Hermínio Bello de Carvalho, que inclusive são referenciados naquelas publicações.
A dimensão genealógica dos relatos, tantas vezes evocada, demonstra ao mesmo tempo a ambição enciclopédica, que legitima o narrador como detentor de uma memória grupal, uma constante reafirmação da dimensão coletiva e popular da escola de samba enquanto manifestação social e artística, e, finalmente, a busca de oferecer visibilidade a indivíduos tradicionalmente silenciados e eclipsados em narrativas de origem mais mercadológicas sobre o samba.
Esses quatro volumes oferecem uma reflexão sobre uma história musical de caráter local, regional e nacional, e como objetos legítimos de pesquisas para a discussão da memória reverenciada, da escrita autorrefrenciada e dos processos sociais e culturais de construção de identidades e memória.
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