Dados do autor
NomeVictor Jousselandière
E-mail do autorEmail escondido; Javascript é necessário.
Sua instituiçãoUniversidade de São Paulo USP
Sua titulaçãoDoutorando
País de origem do autorBrasil
Dados co-autor(es) [Máximo de 2 co-autores]
Proposta de Paper
Área Temática16. História
Grupo TemáticoHistória(s) do cinema: formas de produção de memória e dimensões históricas
Título"Amar, verbo intransitivo": Paulo Emílio Salles Gomes e a burrice paulista específica (1969)
Resumo

Em 1969 Paulo Emílio Salles Gomes escreveu duas adaptações cinematográficas de “Amar, verbo intransitivo”. O romance de Mário de Andrade lhe permitiu aprofundar uma produção ficcional que já contava com os roteiros “Dina do cavalo branco”, “Capitu” e “Memória de Helena”; ao longo dos anos 1970 o autor ainda produziria as novelas “Três mulheres de três PPPês” e “Cemitério”. Considerando essa posição intermediária, pretende-se analisar a articulação de “Amar, verbo intransitivo" com as transformações operadas na escrita do crítico na segunda metade dos anos 1960. O advento do regime militar e as restrições impostas à atuação pública de Salles Gomes levaram-no a buscar alternativas, dentre as quais se destaca o investimento ficcional em sua escrita, que contamina inclusive o âmbito acadêmico e jornalístico de sua produção. No que toca ao roteiro, é possível observar alguns elementos significativos dessa passagem. "Amar, verbo intransitivo" aponta para uma marcação cada vez maior da figura do intelectual e do próprio ato de escrita, através da introdução da personagem Raul Morais, articulada ao autor do romance (Mário Raul de Morais Andrade) e do roteiro. Além disso, a vinculação do tempo diegético com o momento da escrita (no anúncio de que São Paulo viria a ser "uma grande bosta") prepara as menções cada vez mais diretas à tortura que apareceriam na sua produção poética de início dos anos 1970 (“Tortuto”; “Paris 1944 curvou-se ante São Paulo 1970”), em “Três mulheres de três PPPês” e em “Cemitério”. Por fim, inscrição de sua obra num recorte social cada vez mais marcado (a burguesia paulista), seria acompanhada por um movimento de deboche, indicada na reelaboração da fórmula de Mário de Andrade, passando da "faringite" à "burrice paulista específica". Acredita-se, por fim, que esse conjunto de experiências presentes no roteiro ajuda a compreender a atuação pública de Salles Gomes nos anos 1970 de uma forma ampla.

Palavras-chave
Palavras-chave
  • ficção
  • intelectual
  • intertextualidade
  • cinema
  • deboche