Resumo | Esta comunicação visa refletir criticamente sobre as fronteiras que se observam etnograficamente nos espaços de uso público nas cidades contemporâneas. A abordagem etnográfica está baseada nos encontros, caminhadas com os protagonistas da pesquisa, registros fotográficos. Nem sempre fronteiras, limites, bordes implicam a existência de lugares. Os lugares não têm identidades únicas ou singulares: eles estão cheios de conflitos internos.
A partir de um amplo material empírico recolhido em espaços de diferentes cidades a proposta destaca:
- As fronteiras internas dentro dos espaços de duas favelas e a como a construção de uma praça torna-se um desafio pelos moradores, em processo de mudança.
- As cidades tornam-se espaços essenciais para compreender a importância dos processos migratórios contemporâneos. Neste caso será analisada a situação dos refugiados (venezuelanos) em Roraima e, em particular, nas cidades de Boa Vista e de Pacaraima, considerando o direito a viver nestas cidades fronteiriças que impactam na compreensão dos processos migratórios.
A articulação entre os processos migratórios contemporâneos e a relação com espaço urbano (bairro, cidade) contempla múltiplas dimensões (social, política, econômica, cultural) que interagem. Focamos nossa análise nos espaços dos refúgios/abrigos e em alguns espaços públicos usados e apropriados, em particular em torno da rodoviária de Boa Vista e na rua comerciante de Pacaraima, cidade fronteira com Venezuela.
As pesquisas que serão apresentadas revelam diferentes modos a partir dos quais indivíduos e grupos participam dos fluxos internacionais de informações e mercadorias. Assim podemos propor uma discussão sobre essas fronteiras, margens rígidas que demarquem os lugares e pensar não apenas com fronteiras, mas como momentos ou experiências articuladas em rede de relações e entendimentos sociais.
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