Resumo | O meio rural brasileiro é marcado por um cenário de extrema concentração fundiária, que pode ser percebido também em outros países da América Latina, considerando que apenas 1% dos estabelecimentos rurais concentra mais da metade de todo o espaço agrícola existente no território latino-americano.
A dificuldade encontrada pelos pequenos produtores no acesso à terra e aos recursos gera questões tanto na esfera social quanto na ambiental, que estão profundamente relacionadas. O modelo agrícola que vigora no Brasil, voltado à produção de commodities para exportação, e não para a produção de comida saudável para à alimentação da própria população, gera consequências que vão desde a ausência de soberania – e segurança – alimentar, até a acentuação de problemas climáticos.
Nossos biomas sofrem graves danos quando, ao serem ocupados pelo agronegócio visando a produção para o atendimento de demandas externas e a geração de lucros, não possuem suas limitações e características próprias respeitadas, visto que o processo de industrialização pelo qual as áreas rurais tem passado nas últimas décadas visa uma homogeneização do campo que não condiz com as particularidades de cada território. Evidentemente, a população dos locais onde é imposto este modelo de produção também é drasticamente afetada.
É a partir destas e de outras questões que surgem com o processo de industrialização do campo que a agroecologia surge como uma ciência na década de 1970, buscando alcançar não só um meio ambiente mais saudável, mas também fornecer melhores condições de vida para agricultores que não possuem recursos para garantir o próprio sustento de forma satisfatória. Assim, os métodos e técnicas da agroecologia se alinham aos princípios da justiça ambiental, pois fornecem subsídios para a concretização de um desenvolvimento rural realmente sustentável, a partir do fortalecimento da agricultura familiar.
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