Resumo | O fenômeno social urbano “vida na rua” é complexo, multifatorial, multicausal e conhecido histórico e socialmente em diferentes países do mundo.
As pessoas que vivem nos espaços públicos urbanos temporariamente ou de passagem (por desemprego; rompimento dos laços familiares e afetivo; por imigração) denominamos “em situação de rua” e os grupos formado por pessoas que reconhecem a rua como o seu lugar de moradia, que fizeram opção por viver nessa condição ou que, por falta de outras alternativas, se instalaram nesse espaço e aqueles que nasceram na rua ou que nunca tiveram a casa como referência de vida denominamos “moradores de rua”.
Nossa proposta é discutir o resultado de uma pesquisa etnográfica realizada nos anos de 2019 e 2020 nas ruas do centro da cidade de Belo Horizonte, Brasil, com o objetivo de analisar as vidas dos “moradores de rua” e das pessoas que se encontram em “situação de rua”: suas peculiaridades, universo simbólico, linguagem, interações sociais e laços, o conhecimento e manejo dos espaços urbanos, percepção de risco, táticas para sobreviver, elementos de construção de identidades e visões de mundo. Foram priorizadas as observações diretas nos espaços de interação social no cotidiano e nos rituais e as narrativas dos atores sociais sobre as suas experiências, biografias e trajetórias no contexto da rua.
Embora na maioria dos estudos sobre a temática, na implementação das políticas públicas e os discursos midiáticos não façam uma diferença entre morar na rua e estar na rua, nas falas das pessoas que vivem nessas contingencias, nos comportamentos, formas de organização, expectativas, interações sociais, na maneira de visualizar o mundo, subjetividades, histórias de vida, noção de cidadania, de higiene, moradia e ao acesso de recursos e serviços públicos, as diferenças são notórias, e precisam ser considerados para garantir a eficácia dos projetos políticos para essa população.
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