Dados do autor
Sua instituiçãoUniversidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos
País de origem do autorBrasil
Dados co-autor(es) [Máximo de 2 co-autores]
Sua titulaçãoDoutor
Proposta de Paper
Área Temática09. Estudos Culturais
Grupo TemáticoPrácticas y miradas sobre los cuerpos colonizados: marcas sociales y de género, cuidados y saberes en circulación.
TítuloPráticas e saberes femininos na obra Viajes por la America Meridional, de Felix de Azara (1809).
Resumo

Nesta comunicação, apresentamos a análise do Tomo II da obra “Viajes por la America Meridional”, escrita pelo engenheiro militar espanhol Felix de Azara e publicada em 1809. Nele, o engenheiro espanhol faz descrições das populações indígenas da região platina, tanto daquelas com as quais teve contato direto, quanto daquelas a que teve acesso somente através de informantes. Detemo-nos, especialmente, nas descrições e avaliações sobre certas práticas indígenas, com destaque para aquelas próprias das mulheres nativas, inserindo-as em seu contexto de produção – fortemente marcado pelo pensamento ilustrado e pela reorientação da política imperial espanhola –, e analisando-as à luz da produção historiográfica e antropológica sobre as populações indígenas da América platina. O convívio com algumas das populações nativas americanas parece ter levado Azara a, em alguns momentos, refletir de maneira crítica sobre algumas das teorias vigentes sobre a natureza do Novo Mundo ao final do século XVIII, especialmente, as que haviam sido divulgadas por Buffon e De Pauw. O mesmo, no entanto, não poder ser dito quando analisamos as descrições que fez de algumas práticas adotadas pelas mulheres indígenas. Se, em alguns momentos, teceu apreciações positivas sobre as práticas femininas, em outros, recriminou-as, associando-as à barbárie, responsabilizando as nativas pelo descenso demográfico em certos grupos. O discurso médico vigente no Setecentos e o discurso moral da Igreja parecem ter se manifestado de maneira muito intensa nas descrições – e recriminações – que Felix de Azara fez da liberdade sexual, da poligamia, do aborto, do infanticídio, da inexistência do amor romântico e do amor dos pais pelos filhos. A inteligência de algumas indígenas, a resistência à dor e ao sofrimento de outras, além da receptividade – própria de boas anfitriãs – de certas mulheres nativas parecem compensar, em alguns raros momentos, o etnocentrismo e o moralismo próprio da mentalidade cristã-ocidental.

Palavras-chave
Palavras-chave
  • gênero
  • saberes
  • práticas culturais
  • Viajes por la America Meridional
  • Felix de Azara