Dados do autor
Sua instituiçãoUniversidade Federal do Amapá UNIFAP
País de origem do autorBrasil
Dados co-autor(es) [Máximo de 2 co-autores]
E-mailEmail escondido; Javascript é necessário.
Nome completoJane Felipe Beltrão
Sua titulaçãoDoutorando
TitulaçãoDoutor
País de origem do co-autorBrasil
InstituiçãoUniversidade Federal do Pará UFPA
Proposta de Paper
Área Temática01. Antropologia
Grupo TemáticoBrujería, demonología y muerte por daño.
TítuloA Morte, os Ossos e a Ultravida Arukwayene
Resumo

A morte não parece oferecer possibilidades de ser vivida individualmente, quando se trata de sociedades indígenas, em sentido lato. O luto individual aparenta ser próprio de sociedades que separam o sujeito de seu corpo social e também de seu próprio corpo, propondo o dualismo ocidental corpo/alma. Isto pressupõe a exata antítese das sociedades classificadas como tradicionais, em que não se distingue o corpo da pessoa de seu respectivo corpo social, não sendo, portanto, permitida a “soberania do ego”. (LE BRETON, 2016:8). Analogamente, no caso que tomamos a análise relativo às narrativas de enterramento e migração das ossadas dos antigos Palikur Arukwayene – povo aruaque atualmente territorializado na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa (Guyane) – o corpo da pessoa enquanto construção física e simbólica pertence ao grupo étnico e, portanto, sua dimensão atômica não pode ser separada do corpo maior ou, dito de outra forma, os despojos esqueletais são responsabilidade do corpo social, o que é corroborado pelo volume de vestígios e monumentos fúnebres mapeados na costa do Amapá/Brasil (SALDANHA e CABRAL, 2014). Uma suposta dimensão “primitiva” da ação de coletividades indígenas em relação aos seus féretros, pensada sobretudo a partir das práticas de enterramento secundário e consequente manipulação de esqueletos, necessita ser desconstruída, em atenção a perspectivas de morte e ultravida etnicamente diferenciadas, desvelando, finalmente, como a colonização da morte guianêza foi historicamente forcejada por distintas empresas coloniais/religiosas. É interessante conhecer e problematizar a percepção Arukwayene de que a potência contida nos ossos dos mortos, quando não exumados e tratados adequadamente, podem engendrar grandes calamidades entre os parentes vivos que, por razões de conversão religiosa, encontram-se impedidos de tratar deste patrimônio fúnebre, o que em tese inviabiliza a ultravida na aldeia dos antepassados.

Palavras-chave
Palavras-chave
  • Enterramentos secundários
  • Morte e ultravida
  • Povo Arukwayene