Dados do autor
Sua instituiçãoInstituto Estadual de Florestas de Minas Gerais IEF-MG
País de origem do autorBrasil
Dados co-autor(es) [Máximo de 2 co-autores]
Sua titulaçãoDoutor
TitulaçãoDoutor
País de origem do co-autorBrasil
Proposta de Paper
Área Temática02. Arqueologia
Grupo TemáticoArqueologia e História da Mineração nos contextos pré e pós-contato: contributos interdisciplinares
TítuloAgências escravas e o ato de fumar nos tempos da mineração: os cachimbos de Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais
Resumo

O ato de fumar tem uma longa história nas Américas e que remonta desde o período pré-colonial e os inúmeros cachimbos que a arqueologia brasileira vem resgatando em sítios arqueológicos datados do período colonial, têm demonstrado a importância cultural desse hábito. Dessa forma, o trabalho discute como as agências escravas operavam em relação à prática do fumo a partir do contexto histórico da exploração aurífera em Minas Gerais. Na área da senzala da Fazenda das Carapinas, propriedade que surgiu a partir da extração do ouro em Conceição do Mato Dentro e, atualmente situada no entorno do Parque Estadual Serra do Intendente, foram recuperados diversos cachimbos que apresentam rebuscadas decorações plásticas, com figuras antropomorfas, algumas com olhos esbugalhados e todos com o furo do apêndice. Também chamou à atenção a existência de um exemplar que apresenta o desenho de uma estrela, cuja estilística é bastante similar àquela presente na tela de Henry Chamberlain, que retratou o cortejo fúnebre de um negro no Rio de Janeiro. A referida estrela está estampada no tecido que envolvia o corpo do morto. Os aspectos decorativos reforçam a hipótese de que, mesmo com as relações assimétricas de poder e as tensões sociais vigentes, que esses objetos poderiam ter sido elaborados pelos próprios usuários, perfazendo uma relevante plataforma para demonstrar suas escolhas e aspirações. O perfil da coleção permite inferir que seus agentes incorporaram elementos europeus à decoração, mas que também acionaram referenciais que estavam presentes em seu substrato cultural africano por meio de fluxos, agrupamentos e convivências, e que foram retrabalhados dentro da conjuntura social, econômica e geográfica onde estavam inseridos. Possivelmente, o ato ancestral indígena de fumar foi um pequeno prazer entre os escravos africanos daquela senzala, diante do seu árduo cotidiano e da brutalidade a que foram submetidos durante o ciclo da mineração.

Palavras-chave
Palavras-chave
  • Arqueologia Histórica
  • Arqueologia da Escravidão
  • Cachimbos
  • Agências
  • Minas Gerais