Avaliação: Los derechos y las políticas públicas para la infancia y la juventud –  A escola pública do Rio de Janeiro em análise.

Este texto tem por objetivo analisar as relações que permeiam a escola pública do Rio de Janeiro/Brasil no contexto da pandemia da Covid-19. A partir da experiência de acesso remoto dos alunos às atividades de uma escola pública é nítido o desinteresse por tais trabalhos que se baseiam nos métodos tradicionais. Entendemos que para os alunos já não fazia sentido, antes da pandemia, reproduzir/aprender mecanicamente um determinado conteúdo que não se conecta com sua vida cotidiana. As relações mais relevantes se dão pela ordem do afeto, quando se realizam atividades de acolhimento com os alunos, e não de cobrança. A pandemia desvelou que a escola não funciona pelo interesse de estudantes e trabalhadores, e pela significação dos conteúdos de ensino. Analisando o funcionamento da escola tradicional é preciso pensar que a escola brasileira é estruturada como política de Estado no período em que emerge o liberalismo econômico, no século XIX. Nesse contexto, ela é produzida para funcionar pela lógica do panoptismo, estabelecendo uma vigilância total sobre os indivíduos e por mecânicas que determinam como o indivíduo deve ou não se conduzir. Uma dessas mecânicas foi a nova concepção de penalidade para implementar o que Foucault chama de ortopedia social. Nessa nova ordem social o castigo torna-se central ao processo pedagógico, funcionando como ferramenta de correção. Esses mecanismos permanecem na escola nos dias atuais como base para o funcionamento das relações instituídas na sociedade liberal. Porém, a partir da necessidade do ensino à distância imposta pela pandemia, tais práticas se enfraquecem, pois, sem o espaço físico de vigilância e sem os moldes panópticos, os mecanismos de controle não produzem os mesmos efeitos. Portanto, o que fica da escola tradicional que conhecemos quando não operamos através dos mecanismos punitivos que a têm sustentado? A pandemia impõe novos atravessamentos, deixando latente a necessidade de se produzir uma prática mais significativa.

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